domingo, 30 de março de 2014

Genética, Obesidade e Batatas Fritas

Das várias coisas que não me canso de falar, uma delas é na verdade a alimentação. Tenho tentado alertar-vos para os diversos riscos que constantemente correm quando as coisas não são feitas da forma mais saudável possível. Embora, de uma forma gradual, esteja a mostrar-vos ( ou a tentar )que possivelmente, o conceito de saudável possa não corresponder ao que sempre aprenderam e praticaram como se de uma verdade absoluta se trata-se.
É ponto assente, que uma ingestão excessiva e / ou incorreta de determinados alimentos, tem como é óbvio as suas consequências para o individuo.
O organismo encontrou formas de o manifestar, por vezes é visível como é o caso do aumento de peso total, aumento de perímetro abdominal, por outras nem por isso como acontece com o aumento do colesterol total, resistência à insulina, aumento de triglicéridos, aumento da acidificação do sangue, desordens hepáticas, entre muitas outras.

Este é um pormenor de extrema importância, pois leva-nos para a eterna questão do " Porquê algumas pessoas pensarem que podem comer de tudo" e efetivamente não se verificar aumento de peso, enquanto outras consomem doses mais reduzidas desses mesmos  alimentos e sofrem um elevado aumento de peso total ou apenas de perímetro abdominal.

Um estudo levado a cabo pela Universidade de Harvard em Boston, tentou demonstrar e de certa forma explicar o porquê deste "fenómeno".
É uma pesquisa da faculdade de Saúde Pública e do Brigham Hospital da Mulher, nos Estados Unidos.
" Fried food consumtion, genetic risk, and body mass índex: gene-diet interacion analysis in three US cohort studies"
O objetivo deste estudo, foi examinar a interação entre uma predisposição genética e o consumo de refeições com fritos.
É bem verdade que o elevado consumo de gorduras e disposição genética já haviam sido, até por mim aqui no blog, comentados, são do conhecimento geral que o seu consumo em exagero apresenta efeitos nocivos sobre o IMC e a saúde em geral.

O que aconteceu desta vez, foi que estes investigadores , uniram os dois fatores de risco no mesmo estudo. Estudo esse que teve a participação de 9623 mulheres do estudo Nurses Health, 6379 homens do estudo Health Professionals Follow-up e 21421 mulheres do estudo Women´s Genome Health.

Testou-se a interação entre a frequência no consumo de alimentos fritos tanto em casa como fora, assim como a pontuação de risco genético baseado em 32 variantes genéticas, associadas ao IMC  e à obesidade em homens e mulheres dos grupos em questão, ou seja mais de 37 mil pessoas envolvidas.

Este gráfico mostra a relação entre o consumo de alimentos fritos tanto em casa como fora, assim como a sua periodicidade semanal em relação ao Índice de Massa Corporal.
Dá para percebermos claramente, que o maior consumo de alimentos fritos é feito pela população do grupo 3 cujo IMC é mais elevado.



Este gráfico mostra a associação genética com o IMC de acordo com a frequência de consumo de alimentos fritos nos diferentes grupos do estudo.


Os participantes neste estudo foram inquiridos em relação ao seu estilo de vida, como por exemplo, a atividade física e o tabagismo. Foram feitas medições em termos de altura e peso corporal no inicio, sendo que o peso foi solicitado em cada questionário de acompanhamento ao longo de todo o estudo.

Chegou-se à conclusão de que existiam 3 categorias no consumo de alimentos fritos. Existiam aqueles que consumiam menos do que uma vez por semana, de uma a 3 vezes por semana e os que utilizavam alimentos fritos de 4 ou mais vezes por semana.
A variação genética foi estabelecida entre 0 a 64, sendo que corriam maior risco aqueles que apresentavam uma pontuação mais elevada.

Entre todos os participantes com uma pontuação superior a 40 pontos de variações genéticas, a diferença de IMC para os que estavam na categoria de consumo de 4 ou mais vezes por semana, na comparação com aqueles que relataram ingerir fritos menos de 1 vez por semana, foi de 1kg por metro quadrado para mulheres e 0,7kg por metro quadrado para os homens. Para os participantes com pontuação mais reduzida, as variações foram de 0,5kg por metro quadrado para as mulheres e 0,4kg por metro quadrado para os homens. Moral da história, parece que as mulheres têm maiores ganhos de peso.

Apesar de terem ajustado fatores ( corretamente a meu ver ) que poderiam efetivamente interferir com o resultado do estudo, os pesquisadores alertaram para o fato de que isso poderia mesmo acontecer. No entanto, eles afirmam que não há dúvidas de que as influências genéticas sobre a adiposidade pode ser alterada pelo consumo desses alimentos fritos.

"In summary, the consistent results from three cohorts indicate that the association between fried food consumption and adiposity might vary according to differences in genetic predisposition; and, vice versa, the genetic influences on adiposity might be modified by fried food consumption. Our findings further emphasize the importance of reducing consumption of fried food in the prevention of obesity, particularly in individuals genetically predisposed to adiposity."-Qibin Qi


O Meu Ponto de Vista :

Existe obesidade saudável ? - Não, não existe.
Obesidade é sinónimo de inflamação, e inflamação é um estado patológico, portanto, um individuo obeso está tudo menos saudável.
Alimentos que foram fritos antes de ser consumidos podem fazer parte de uma alimentação saudável ? - Sim, podem.
Normalmente quando fritamos algo, utilizamos uma de 3 coisas. Ou uma frigideira antiaderente, ou água (ex. ovos),ou utilizamos algum tipo de gordura.
 Infelizmente, a maior parte das gorduras quando submetidas a altas temperaturas transformam-se em agentes prejudiciais para a saúde, as chamadas gorduras Trans, como é o caso do azeite.
Portanto, o problema não está no processo, mas sim na forma como é realizado assim como no "material" utilizado para a execução da tarefa.
Se partirmos do principio que a grande maioria da população utiliza azeite, óleos e margarinas, para fritar,  basta olhar-mos para a restauração, já para não falar da quantidade de vezes que o mesmo óleo é utilizado.Juntar-mos o facto de que essa utilização desmedida pode fazer com que tanto a nível de peso como de saúde clínica, o estado de saúde do indivíduo seja largamente prejudicado.

Penso que, mesmo com algumas falhas/faltas, no estudo como é o caso de ser desconhecido  o tipo de gordura utilizada para a fritura, mesmo desconhecendo algumas das variáveis, mesmo sendo necessários mais testes deste género, arisco dizer que o consumo de fritos em gordura Trans, é mais uma causa para um estado de INFLAMAÇÃO.
Se a isto juntarmos a propensão genética, bem, então o assunto fica automaticamente arrumado.
PS: Exemplo de uma gordura boa para ser utilizada tanto para temperar como para cozinhar é o óleo de coco extra virgem, à venda em algumas lojas dietéticas.

Bem Haja






























































                                

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